ARTIGO

Importância da qualidade da célula-tronco e da recuperação hematológica pós-transplante no MM

Publicado

Ago/2022

4 min

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Foi feito um estudo multicêntrico com 87 pacientes portadores de mieloma múltiplo (MM) submetidos a mobilização e condicionamento com melfalano 200 mg/m2 para auto-TCTH divididos em dois grupos, com ou sem associação de plerixafor.

Dra. Flávia Zattar

CRM-DF 17030 I RQE 10985 Hematologia e Hemoterapia
Hematologista e hemoterapeuta pela Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. Especialista em Transplante de Medula Óssea pela Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia Transplantadora do Grupo CETTRO/Unity, em Brasília. Professora adjunta de Hematologia da Universidade de Brasília (UnB).

O transplante autólogo de células-tronco (auto-TCTH) é uma estratégia terapêutica incorporada ao tratamento dos pacientes com mieloma múltiplo (MM) considerados ft.1 O método tradicional de mobilização das células-tronco inclui a combinação de ciclofosfamida (CY) e do fator estimulador de colônias de granulócitos (G-CSF) ou G-CSF isolado, com boas taxas de coleta de células-tronco.2 No entanto, de 5% a 30% dos pacientes se mobilizam mal com esses métodos.2,3

A necessidade de estratégias de mobilização mais seguras, com maiores taxas de contagem de células CD34+, melhores reconstituições hematológicas linfocitárias B e T e menor tempo de internação hospitalar impulsionou a adição do antagonista de CXCR4 plerixafor ao repertório de agentes de mobilização em pacientes com MM agendado para auto-TCTH.4

Tais questionamentos descritos acima foram analisados em estudo multicêntrico com 87 pacientes portadores de MM submetidos a mobilização e condicionamento com melfalano 200 mg/m2 para auto-TCTH divididos em dois grupos com ou sem associação de plerixafor.5 Todos os pacientes usaram lenalidomida 10 mg por via oral de manutenção por dois anos.5 Foram utilizadas máquinas de aférese de alta performance automatizadas para processar de duas a três volemias com o objetivo de coleta mínima de 2x106/kg para um auto-TCTH e de 6x106/kg para dois auto-TCTHs.5

A técnica de criopreservação utilizou solução de DMSO a 10% com conservação em tanque de nitrogênio líquido.5 A análise de viabilidade celular das CTH envolveu a contagem de CD34+ e de 7-ADD em plataforma única conforme protocolo de ISHAGE.5

Para determinar a reconstituição pós-auto-TCTH, foi analisada por citometria de fluxo a contagem de células T, B e natural killer (NK), bem como as células CD3+- CD4+ e as subpopulações CD3þCD8þ de células T nos enxertos, CD3/CD8/CD45/CD4 e CD3/CD16þCD56/CD45/CD19.5,6 (Tabela 1)

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Verificou-se que o uso de plerixafor afetou significativamente a composição do enxerto, pois houve proporção significativamente maior de células CD34+ mais primitivas e maior número de linfócitos T e B, bem como de células NK, nos enxertos dos pacientes que receberam também plerixafor.5

A recuperação hematológica após o auto-TCTH das células T CD3þCD4þ foi mais rápida nos pacientes mobilizados com plerixafor em um e três meses pós-transplante.5 Não houve diferenças significativas de sobrevida livre de progressão (SLP) nem de sobrevida global (SG) entre os grupos.5

Conclusão

Concluímos que a inclusão de plerixafor nos protocolos de mobilização assegura reconstituição imune precoce e melhores contagens de células CD34+, reduzindo o tempo de internação hospitalar.

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