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A importância do balconista na farmácia como hub de saúde

Publicado

Abr/2023

13 min

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Com as transformações que vêm ocorrendo nas farmácias, que deixam de ser simples pontos de vendas para se tornarem estabelecimentos de prestação de serviços de saúde, as atribuições do balconista também vêm evoluindo. Leia o artigo e confira como isto está acontecendo!
 

Introdução

Como tem evoluído o papel do balconista no acolhimento às pessoas que buscam os serviços da farmácia? 

Vamos ver neste artigo como têm se dado essas mudanças em paralelo à ampliação dos serviços prestados pela farmácia, que vem se consolidando como um hub de saúde para a população globalmente.1,2  

No Brasil, é comum que esses profissionais sejam o primeiro contato dos clientes quando buscam os serviços das farmácias, deixando para o farmacêutico a responsabilidade pelas atividades relacionadas à atenção farmacêutica, assim como funções administrativas ou burocráticas dentro dos estabelecimentos.3,4 

Assim, o papel do balconista pode impactar a forma como a recepção e o atendimento são percebidos pelo cliente, além das questões organizacionais da farmácia e do auxílio na dispensação de medicamentos e produtos correlatos, sempre sob a supervisão de um farmacêutico.1,2 

Balconista deve ter conhecimento e habilidade para:1,4 

Figura 1

Tudo isso para que o produto e/ou serviço mais adequado seja oferecido, com um atendimento individualizado e ressaltando a importância do uso seguro e correto dos medicamentos. Vale lembrar que o balconista não substitui o farmacêutico e que o papel de ambos é sinérgico no atendimento e acolhimento da população.2

O papel da farmácia como um hub de saúde nos dias atuais

Desde o final do século XX, a farmácia vem passando por uma transformação, voltando-se cada vez mais para o cuidado ao paciente e assumindo como foco principal o bem-estar do indivíduo.5 Nesse sentido, em 2014, foi aprovada a Lei 13.021/14, determinando que os estabelecimentos farmacêuticos se tornassem unidades voltadas para a prestação de assistência farmacêutica, assistência à saúde e orientação sanitária individual e coletiva.6

Figura 2

Por ser facilmente acessível, a farmácia geralmente é o primeiro contato do paciente com algum sistema de saúde. No Brasil, há um total de 88.970 farmácias e drogarias privadas registradas em todo o país; e esse número continua a crescer!5

O papel da farmácia no atendimento à saúde da população ficou muito claro recentemente, quando foi decretado o lockdown em quase todo o mundo – inclusive no Brasil – durante a pandemia de COVID-19, como medida de isolamento social para conter a contaminação pelo vírus Sars-CoV-2. Apenas foi permitida a abertura de estabelecimentos considerados essenciais à população, dentre eles as farmácias e drogarias, para o fornecimento de medicamentos, equipamentos de proteção individual, testes diagnósticos, além da produção e venda de álcool em gel.5 Quando muitos serviços de saúde deixaram de atender a população, as farmácias se mantiveram abertas nesse período crítico!5

É nessa atenção primária que muitos problemas de saúde podem ser identificados, resolvidos e/ou encaminhados para investigação e, por isso, a importância de uma farmácia com profissionais bem treinados a fim de atender de forma adequada todos que procuram seus serviços.5


Quando muitos serviços de saúde deixaram de atender a população, as farmácias se mantiveram abertas nesse período crítico!

A função dos balconistas neste novo cenário

Dentre suas atuações na farmácia moderna, que vem deixando de ter um foco na simples venda e distribuição de medicamentos e aumentando sua relevância como prestadora de serviços à saúde,7 o balconista deve estar preparado para atender esse público que chega em busca de ajuda, muitas vezes fragilizado pela doença, tanto pelo impacto direto do diagnóstico e sintomas quanto por aspectos psicológicos secundários a ele.1

Figura 3

Além dos diferentes motivos pelos quais um cliente procura uma farmácia, há muitas diferenças no perfil de cada um deles, como em relação ao gênero, religião, cor da pele ou etnia, situação financeira e social, orientação sexual, grau de escolaridade, orientação política etc. Faz parte da atuação do balconista tornar o espaço da farmácia um ambiente acolhedor e isento de preconceitos, diminuindo a tensão que alguns clientes apresentam. Para isso, o balconista jamais deve demonstrar espanto ou admiração pelo pedido ou dúvida do cliente.1

Vale lembrar que o balconista não substitui o farmacêutico,2 porém ele pode contribuir para identificar precocemente condições de saúde que necessitem da atenção farmacêutica e encaminhá-lo.8

Nesse sentido, a fim de que os balconistas possam maximizar sua contribuição na farmácia, é essencial que estejam bem orientados e treinados para atuar de forma colaborativa com os farmacêuticos.1 Essa sinergia entre as duas classes de profissionais é muito importante, uma vez que quando isso não acontece podem surgir conflitos. Por exemplo, um estudo mostrou que 80% dos farmacêuticos relatam não se sentir apoiados pelos balconistas e, dentro desse grupo, 65% acreditam que isso ocorre devido à competição por vendas comissionadas de medicamentos.2

Além disso, é importante participar ativamente de treinamentos oferecidos pelo estabelecimento e entender as tarefas e obrigações designadas ao balconista, as quais são atividades que legalmente não são exclusivas do farmacêutico. Entre as designações dos balconistas, estão:1,4

Figura 04
Figura 05
Figura 06
Figura 07

É dever de cada farmácia oferecer cursos de capacitação a todos os balconistas, a fim de repassar informações sobre a legislação sanitária vigente e sobre os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) do estabelecimento, sempre respeitando as limitações de atribuições e competências estabelecidas pela legislação vigente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.1,9

A Sanofi é parceira dos balconistas, farmacêuticos, médicos e outros profissionais da saúde no Brasil para levar conteúdo e informações de qualidade e úteis para sua prática.

    Referências

    1. Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego.
      Instituto Federal do Paraná. Formação inicial e continuada: balconista de farmácia [Internet].
      Disponível em: https://pronatec.ifpr.edu.br/wp-content/uploads/2012/07/bf1.pdf. Acesso em: 02/03/2023.

    2. Brito ICCS, Campos HMN, Santos GS et al.
      Vista do Papel do farmacêutico e da farmácia comunitária na Atenção à Saúde: percepção de estudantes universitários [Internet].
      Disponível em: https://doi.org/10.22421/1517-7130/es.2022v23.e868 Acesso em: 02/03/2023.

    3. Oliveira NVBV de, Szabo I, Bastos LL, Paiva SP.
      Atuação profissional dos farmacêuticos no Brasil: perfil sociodemográfico e dinâmica de trabalho em farmácias e drogarias privadas.
      Saude soc. 2017;26(4):1105–21.

    4. Guia da Farmácia.
      Balconista: atuação indispensável [Internet].
      Guia da Farmácia. 2019. Disponível em:  https://guiadafarmacia.com.br/materia/balconista-atuacao-indispensavel/. Acesso em: 02/03/2023.

    5. Moraes GC.
      Farmácia como estabelecimento de saúde: uma leitura das coalizões de defesa para a discussão da implementação da Lei 13.021/2014.

    6. LEI Nº 13.021/14.
      Dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas [Internet].

      Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13021.htm Acesso em: 02/03/2023.

    7. Mossialos E, Courtin E, Naci H et al.
      From “retailers” to health care providers: Transforming the role of community pharmacists in chronic disease management.
      Health Policy. 2015;119(5):628–39.

    8. Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade.
      Um case de sucesso da farmácia clínica no Brasil [Internet].
      Disponível em: https://ictq.com.br/varejo-farmaceutico/597-um-case-de-sucesso-da-farmacia-clinica-no-brasil. Acesso em: 02/03/2023.

    9. Agência nacional de vigilância sanitária. RDC 44/2009.
      Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências.
      Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2009/rdc0044_17_08_2009.pdf. Acesso em: 02/03/2023.