ARTIGO

Principais cuidados no atendimento a pacientes 60+

Tópicos

Publicado

Mai/2023

9 min

artigo hero

Pessoas idosas constituem um dos principais grupos de consumidores nas farmácias. Neste artigo, vamos abordar dicas de como os balconistas podem fornecer atendimento individualizado para pessoas 60+, respeitando suas especificidades e tornando o espaço da farmácia um ambiente acolhedor.

Introdução

O envelhecimento da população é um fenômeno mundial que traz consigo uma série de desafios para a sociedade, incluindo um atendimento adequado e seguro aos idosos em diversos setores, como o farmacêutico.1

Figura 01

Isso representa tanto um desafio quanto uma oportunidade: os idosos representam uma parcela considerável da renda das famílias e participam ativamente do consumo nacional, de forma que seu padrão de consumo impacta fortemente os setores da economia.2

Por isso, entender as necessidades específicas que refletem os valores e estilos de vida dessa população é muito importante, especialmente pelo fato da nova geração de idosos ser bastante ativa, perceber-se mais jovem do que as gerações do passado e realizar atividades que as gerações anteriores de idosos jamais teriam tentado, abrindo novas oportunidades de negócios.2

Dessa forma, a nova geração de idosos tornou-se um segmento de interesse não só por sua relevância social, mas também por seus hábitos de consumo e crescente poder aquisitivo. Porém, para atrair e fidelizar esse público, esforços devem ser direcionados para entender seu novo estilo de vida e desejos e, assim, propor novos bens e serviços.2

Uma vez que os balconistas, muitas vezes, são o primeiro contato dos clientes na farmácia, eles devem estar preparados para prestar um atendimento individualizado, desempenhando um papel fundamental no acolhimento e atenção à população 60+.3-5 

Veja a seguir algumas dicas para atender essa parcela da população:

1. Novas oportunidades de negócios para o público 60+

Não é segredo que, com o passar dos anos, há uma tendência de maiores gastos com saúde e menores gastos em alimentação, transporte, cuidados pessoais.2 Mas além de gastos com medicamentos, a população idosa tem investido cada vez mais no autocuidado, adquirindo suplementos e cosméticos como uma forma de trazer o bem-estar, expressar sua identidade, sua autoestima e sua felicidade.2,5

Pensar na oferta de produtos específicos para esta população pode atrair oportunidades. Um estudo sobre hábitos das pessoas 50+ revelou que 57% dos respondentes sentem falta de produtos voltados para a sua idade, como produtos de beleza (xampu, cosméticos e maquiagem) e de alimentos para necessidades específicas, como diet, sem glúten etc.6

Outra dica para fidelizar essa população é lembrar que gostam de atendimento personalizado e não gostam muito de procurar produtos em gôndolas.6

Para os mais idosos e doentes acamados, é interessante pensar na necessidade de hidratantes para a pele, cremes para assaduras, descartáveis adultos e lenços para a higiene.6

2. Fidelização e adoção de inovações

Os consumidores idosos são mais fiéis a uma marca (ou estabelecimento comercial) do que os consumidores mais jovens. Mas, para isso, precisam:2

  • se sentir seguros, necessitando de informação detalhada sobre os produtos que pretendem comprar, e 
  • sentir que não são discriminados. 

Quanto aos aspectos preconceituosos, é importante evitar identificar os idosos como sendo passivos, pouco interessados nas atividades sociais e em mudanças (especialmente tecnológicas), doentes, incapazes e mesmo pessoas que em breve irão morrer. Esses preconceitos são capazes de desencorajar os idosos de viver todo o seu potencial e buscar por melhorias em sua qualidade de vida.2

Além disso, os idosos estão mais abertos do que os jovens à experimentação das inovações lançadas no mercado, demonstrando uma certa facilidade na adoção de comportamentos.2

Figura 02

3. Comunicação efetiva

A recepção do balconista é essencial na percepção de como o atendimento é percebido pelo cliente.4,7 E a comunicação é um aspecto crucial no atendimento, especialmente quando se trata de idosos, uma vez que essa população frequentemente enfrenta dificuldades de comunicação e compreensão, o que pode levar a situações de uso inadequado ou interrupção do uso de medicamentos e a uma tendência à automedicação.8,9 

É importante que os balconistas sejam capazes de se comunicar de forma clara e empática, adaptando-se às necessidades específicas de cada indivíduo.7 Isso inclui:8

Figura 03

Além disso, é importante estar atento às barreiras de comunicação, como deficiências auditivas ou visuais, e adaptar-se a elas. Vale lembrar que a acessibilidade também diz respeito à eliminação ou redução de barreiras de acesso à informação e comunicação.10

4. Dicas de espaço e organização

É importante lembrar que idosos podem apresentar maior dificuldade em relação à locomoção, questões como incontinência urinária e dificuldade de enxergar letras pequenas. Adotar medidas simples de espaço e organização podem fazer uma grande diferença nesses casos:6,11

Figura 04

5. Respeito à autonomia e privacidade

Figura 05

Os pacientes idosos têm o direito de tomar decisões informadas sobre seu tratamento e de ter sua privacidade respeitada. Dessa forma, os balconistas devem garantir que o idoso possa expressar suas preocupações e preferências e, sempre que necessário, encaminhar para o atendimento farmacêutico para tirar dúvidas específicas ao tratamento:12

6. Auxiliar o idoso na organização da tomada de medicamentos

Se o idoso apresentar dificuldade, alguns artifícios podem ajudá-lo a lembrar de tomar o medicamento, principalmente quando há o uso da polifarmácia:13

  • Utilizar caixas organizadoras. Devem ser escolhidos modelos que permitam a organização de forma a manter as características dos medicamentos.
  • Associação da tomada do medicamento com a rotina diária (por ex.: horário das refeições ou de algum programa de TV que o paciente acompanhe).
  • Quadro de horário de medicamentos.
Figura 07

Adaptado de: Farmácia não é um simples comércio13

7. Saber quando há necessidade de chamar o farmacêutico

Balconistas bem orientados e treinados podem atuar de forma colaborativa com os farmacêuticos,4 identificando precocemente situações de risco que valham a pena encaminhar para um farmacêutico, como casos de polifarmácia, ou seja, o uso de múltiplos medicamentos, o que é comum entre os idosos.14 Nessas situações, os idosos têm um maior risco para problemas relacionados a medicamentos, que incluem:15

Figura 06

Conclusão

Os idosos tornaram-se um importante grupo de consumidores, que movimentam positivamente a economia, especialmente o setor de saúde e farmacêutico.2

Neste cenário, os balconistas podem desempenhar um papel importante no atendimento para pessoas 60+, fornecendo atendimento individualizado, respeitando as especificidades deste grupo,2 assim como, tornando o espaço da farmácia um ambiente acolhedor e isento de preconceitos.4

A Sanofi é parceira dos balconistas, farmacêuticos, médicos e outros profissionais da saúde no Brasil para levar conteúdo e informações de qualidade e úteis para sua prática.

Veja também o artigo sobre Dicas para atender pessoas com deficiência, que aborda a importância da acessibilidade para eliminar as barreiras sociais, especialmente no ambiente na farmácia, com orientações e sugestões práticas para os balconistas.

    Referências

    1. Ageing and health – OMS.
      Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/ageing-and-health. Acesso em: 08 maio 2023.

    2. Guido G, Ugolini MM, Sestino A.
      Active ageing of elderly consumers: insights and opportunities for future business strategies.
      SN Business & Economics. 2022;2(1):1-24.

    3. Oliveira NVBV de, Szabo I, Bastos LL, Paiva SP.
      Atuação profissional dos farmacêuticos no Brasil: perfil sociodemográfico e dinâmica de trabalho em farmácias e drogarias privadas.
      Saúde soc. 2017;26(4):1105-1121.

    4. Balconista de Farmácia - PRONATEC.
      Disponível em:  https://pronatec.ifpr.edu.br/wp-content/uploads/2012/07/bf1.pdf. Acesso em: 08 maio 2023.

    5. Balconista: atuação indispensável. Guia da Farmácia.
      Disponível em: https://guiadafarmacia.com.br/materia/balconista-atuacao-indispensavel/. Acesso em: 08 maio 2023..

    6. A terceira idade sabe o que quer. Guia da Farmácia.
      Disponível em: https://guiadafarmacia.com.br/materia/a-terceira-idade-sabe-o-que-quer/. Acesso em: 08 maio 2023.

    7. Brito ICC, Campos HMN, Santos GS, et al.
      Vista do Papel do farmacêutico e da farmácia comunitária na Atenção à Saúde: percepção de estudantes universitários.
      Espac. Saúde. 2022;23:e868.

    8. Silva RAA.
      A comunicação com o utente no aconselhamento farmacêutico. 2013.
      Disponível em:  http://hdl.handle.net/10284/4479. Acesso em: 08 maio 2023. 

    9. Lin FR, Thorpe R, Gordon-Salant S, Ferrucci L.
      Hearing loss prevalence and risk factors among older adults in the United States.
      J Gerontol a Biol Sci Med Sci. 2011;66(5):582-590.

    10. Silvestre GF, Hibner DA, Ramalho CVN.
      A Responsabilidade Civil Da Empresa Pela Inacessibilidade Da Pessoa Com Deficiência Ao Estabelecimento Empresarial: Questões Materiais E Processuais.
      Revista Argumentum – Argumentum Journal of Law. 2018;18(3):731-758.

    11. Papel da farmácia com o idoso. Guia da Farmácia.
      Disponível em: https://guiadafarmacia.com.br/materia/papel-da-farmacia-com-o-idoso/. Acesso em: 08 maio 2023.

    12. Horton J. Principles of Biomedical Ethics, fifth edition. T. L. Beauchamp & J. F. Childress.
      New York: Oxford University Press, 2001. 
      xiv+454pp. Price £19.95. ISBN 0-19-514332-9. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2002;96(1):107-107.

    13. Farmácia não é um simples comércio.
      Disponível em: https://www.crfsp.org.br/documentos/materiaistecnicos/fasciculo_8.pdf. Acesso em: 08 maio 2023.

    14. Um case de sucesso da farmácia clínica no Brasil – ICTQ.
      Disponível em: https://ictq.com.br/varejo-farmaceutico/597-um-case-de-sucesso-da-farmacia-clinica-no-brasil. Acesso em: 08 maio 2023.

    15. Bernsten C, Björkman I, Caramona M, et al.
      Improving the well-being of elderly patients via community pharmacy-based provision of pharmaceutical care: a multicentre study in seven European countries. 
      Drugs Aging. 2001;18(1):63-77.