Estima-se que, apenas em 2020, mais de 16 mil casos novos de câncer de colo do útero tenham sido registrados no Brasil, o que indica um risco estimado de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres.  Para se ter uma ideia, em 2019, ocorreram 6.596 óbitos por essa neoplasia, o que representa uma taxa ajustada de mortalidade de 5,33/100 mil mulheres (INCA, 2021b).¹

    Tipos de cânceres de colo do útero

    Existem dois tipos principais de carcinomas invasores de colo do útero. Eles estão relacionados à origem do epitélio comprometido:

    • Carcinoma epidermóide – o tipo mais incidente, representando cerca de 90% dos casos, e acomete o epitélio escamoso;
    • Adenocarcinoma – tipo mais raro, contemplando cerca de 10% dos casos, e acomete o epitélio glandular.

    Esses carcinomas estão associados a uma infecção persistente por subtipos oncogênicos do papiloma vírus humano (HPV), existindo cerca de 13 subtipos considerados oncogênicos. Dentre os HPV de alto risco oncogênico, o 16 e o 18 estão presentes na maioria dos casos de câncer de colo do útero: cerca de70%.3

    Fatores de risco2,4

    • Início precoce da atividade sexual e relação sexual com múltiplos parceiros;
    • Tabagismo;
    • Uso de pílulas anticoncepcionais por tempo prolongado.

    Sinais e sintomas2

    O câncer de colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento, podendo não apresentar sintomas em uma fase inicial e evoluir para quadros de secreção vaginal anormal, sangramento vaginal, que pode ser intermitente ou ainda ocorrer após a relação sexual, além de episódios de dor abdominal, que em casos mais avançados, pode vir associada a queixas urinárias ou intestinais (INCA, 2021a).2

    O diagnóstico precoce e o rastreamento são estratégias para a detecção precoce do câncer, permitindo a identificação de tumores em fase inicial e, assim, possibilitando uma maior chance de tratamento.

    Nessa fase inicial ou pré-clínica (ausência de sintomas), a detecção de lesões precursoras (anteriores ao aparecimento da doença) pode ser feita através do exame preventivo de Papanicolau. Quando diagnosticado nessa fase, as chances de cura do câncer de colo do útero são de praticamente 100%.4

    Se há suspeita da doença, seu médico pode solicitar alguns exames, como:2

    • Avaliação da história clínica e exame pélvico: incluindo exames de vagina, colo do útero, útero, ovário e reto através de avaliação com espéculo, toque vaginal e toque retal.
    • Exame preventivo: Papanicolau.

    Esses exames devem ser oferecidos a mulheres ou a qualquer pessoa com colo do útero (incluindo homens trans e pessoas designadas mulheres ao nascer), que tenham de 25 a 64 anos e que já tiveram relação sexual. Diante da longa evolução da doença, o exame pode ser realizado a cada três anos, caso os resultados estejam normais, mas sugere-se que os dois primeiros sejam anuais, de modo a garantir uma maior segurança no diagnóstico.2           

    Conforme resultados do Papanicolau, existem 3 possibilidades:2

    • Papanicolau normal: repetir o exame de 3 em 3 anos;
    • Infecção pelo HPV ou lesão de baixo grau: deve-se repetir o exame dentro de seis meses;
    • Lesão de alto grau: o médico decidirá a melhor conduta, após condução de novos exames como: colposcopia e, se necessário, biópsia. 
    • Colposcopia: exame que permite visualizar vulva, vagina e colo de útero por meio do uso de um aparelho chamado colposcópio. Esse teste é capaz de detectar alterações e lesões anormais nessas regiões. Costuma ser rápido e indolor, mas podem existir leves desconfortos durante sua realização.2,5
    • Biópsia: uma vez detectadas células anormais no Papanicolau, é necessário realizar uma biópsia. Nesse exame, uma pequena amostra de tecido é retirada e analisada em microscópio.2,5

    Oncologista, ginecologista, cirurgião, radio-oncologista.

    • Vacinação contra o HPV;
    • Evitar exposição ao HPV, usando preservativo durante relação sexual;
    • Evitar fumar e evitar a exposição passiva à fumaça do cigarro;
    • Evitar a exposição a agentes químicos (como arsênico, asbesto, berílio, cromo, radônio, urânio, níquel), presentes em determinados ambientes de trabalho;
    • Manter uma dieta saudável, rica em frutas e legumes.

    O tratamento deve ser avaliado e orientado por um médico. As principais opções de tratamento para o câncer de colo do útero incluem cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapia, que podem ser realizadas isoladamente ou em combinação, dependendo do estágio da doença, além de características específicas da paciente, como idade e desejo de ter filhos no futuro.

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