ARTIGO

Vírus atenuado ou inativado: conheça os diferentes tipos de vacina

Publicado

Fev/2022

7 min

Cientista trabalhando com a produção de vacinas no laboratório

Você sabe se a última vacina que tomou é de vírus atenuado ou inativado e o que isso significa para sua imunização? Temas corriqueiros na ciência ganharam cada vez mais espaço com a chegada da pandemia do novo coronavírus e nunca se debateu tanto o processo de fabricação de imunizantes.1

Tipos de vacina

No caso das vacinas virais, por exemplo, a divisão dos tipos de vacinas pode ser feita entre as que contêm vírus atenuado, vírus inativados ou de subunidades. As vacinas atenuadas contêm agentes infecciosos “vivos”, mas enfraquecidos. Já as vacinas inativadas e de subunidades usam agentes “mortos” ou apenas partículas deles.1

Os componentes dessas vacinas são chamados de antígenos e têm como função reduzir ao máximo o risco de infecção ao estimular o sistema imune a produzir anticorpos, de forma semelhante ao que acontece quando somos expostos aos vírus, porém, sem causar doença.1

Entre as vacinas mais comuns do calendário vacinal, o vírus atenuado está presente, por exemplo, nas vacinas contra caxumba, febre amarela,poliomielite oral, rubéola, sarampo e varicela. Por ter essa característica, essas vacinas são contraindicadas para imunodeprimidos e gestantes.1

Vírus atenuado

Os vírus atenuados levam essa denominação pois passam por um processo no qual sua virulência é reduzida a níveis considerados seguros para a aplicação clínica. O método mais utilizado para a obtenção de vírus atenuados se baseia em promover infecções sequenciais de vírus patogênicos em culturas celulares in vitro, ou em ovos embrionados.1

O que se obtém após a série de passagens são cepas virais menos virulentas (atenuadas), as quais sofreram mutações genéticas pontuais que comprometem o funcionamento de fatores virais necessários à patogenicidade.1

Vacina inativada e de subunidade

Por outro lado, existe outro tipo de vacina que contém o vírus inativado por agentes químicos ou físicos. Já as vacinas de subunidades são fragmentos do vírus (antígenos) purificados. Essas vacinas enganam o sistema imune, pois este acredita que o agente infeccioso morto, ou uma partícula dele, representa perigo real e desencadeia o processo de proteção.1

Por ter essas características, essas vacinas são mais indicadas para pessoas imunodeprimidas ou gestantes. Elas estão presentes na vacina da poliomielite injetável (VIP), hepatite A, gripe e raiva.1

Atualmente, algumas vacinas são obtidas por engenharia genética, como a da hepatite B e vacina contra o HPV.1

Imunodeprimidos? Conheça o CRIE

Um dos grandes aliados quando falamos em vacinas para bebê prematuro e de outros grupos de imunodeprimidos, ou seja, aqueles pacientes cujos mecanismos normais de defesa contra infecções estão comprometidos, é o Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).2

Os CRIEs foram criados em novembro do ano 2000, justamente com o objetivo de beneficiar uma parcela especial da população brasileira que, por motivos biológicos, necessita de outros imunobiológicos especiais.3

Nos municípios onde não há CRIE, basta procurar a Secretaria Municipal de Saúde – Programa Municipal.2

Como chegamos até aqui?

O desenvolvimento da vacina contra a poliomielite retrata bem a evolução da tecnologia empregada na fabricação das vacinas. Em 1948, a equipe liderada pelo biomédico americano John Enders conseguiu cultivar o vírus em tecido humano, o que tornou possível o desenvolvimento de uma vacina. Já em 1955, a vacina injetável com o vírus inativado foi criada pelo virologista americano Jonas Salk. Seis anos depois, em 1961, a vacina oral com o vírus atenuado desenvolvida pelo médico polonês, Albert Sabin, entrou no mercado. Ambas as invenções foram fundamentais para o combate à pólio. O Brasil, após décadas enfrentando epidemias da doença, erradicou a pólio em 1990.4

Em 1971, o microbiologista americano, Maurice Hilleman elaborou uma fórmula com vírus atenuados capaz de imunizar três infecções virais graves. Assim nasceu a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola.4

No ano de 1981, uma vacina contra hepatite B derivada do tratamento de plasma sanguíneo, formulada pela equipe do Dr. Maurice Hilleman, foi licenciada. Em 1986, veio uma nova vacina que usava antígeno cultivado em leveduras, criada pelo bioquímico chileno Pablo DT Valenzuela, suplantando a fórmula anterior. Um marco da engenharia genética, a vacina de Valenzuela é derivada da tecnologia de recombinação de DNA, um avanço para o desenvolvimento de vacinas.4

E foi assim, de descoberta em descoberta, que o mundo chegou ao século 21 e conseguiu desenvolver vacinas contra uma doença nova com uma velocidade jamais vista.

 

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