
Conheça a história da vacinação infantil no Brasil e quais são os principais imunizantes.
O surgimento da mais importante aliada para a redução da mortalidade infantil1 ocorreu no século 18.2
Nessa época, o mundo enfrentava uma das piores doenças diagnosticadas até hoje: a varíola. Com uma taxa de mortalidade de 10 a 40%, estima-se que a doença tenha matado mais de 300 milhões de pessoas. Considerada uma das maiores ameaças à humanidade, a varíola foi a grande responsável pelo início da história da vacina.3,4
Para combater a varíola, em 1789, o médico inglês Edward Jenner elaborava os estudos da primeira vacina da história. Em 1796, Jenner fez a primeira aplicação, mas apenas em 1798 seu trabalho foi reconhecido pela comunidade médica.5,6
Em 1804, a vacina da varíola chegou ao Brasil para o combate da doença, tornando-se obrigatória para as crianças em 1837, e, em 1846, para os adultos. Diante de um cenário marcado pela falta de aceitação da população e pela ausência de produção em larga escala do medicamento, essas resoluções não foram efetivas.7,8
Em 1904, o Brasil enfrentava o pior panorama em relação à epidemia da varíola, somado ao enfrentamento de outras doenças, como febre amarela e peste bubônica. Nesse ano, o governo brasileiro criou leis mais rígidas para estabelecer a obrigatoriedade da vacina, o que viria a acarretar a Revolta da Vacina.9
Tais conflitos e acontecimentos levaram a novas ações do governo e da população em relação às vacinas. Esse processo foi fundamental para a eficácia da vacinação infantil no Brasil e se tornou crucial para a erradicação e redução de doenças nos últimos 50 anos no país.10
Principais vacinas
Conheça agora um pouco mais sobre a criação das principais vacinas aplicadas em crianças e adolescentes até hoje.
1909

BCG: aplicada em crianças recém-nascidas, a BCG foi criada em 1909 e introduzida no Brasil em 1925, sendo responsável pela proteção contra a tuberculose.11
1930

DTP: proteção contra a difteria, tétano e coqueluche, a vacina conhecida como DTP é indicada aos 15 meses de idade. Criada nos anos 1930,12 a vacina tríplice bacteriana foi a primeira a imunizar contra mais de um microrganismo.13
Febre amarela: desenvolvida na década de 1930 pelo médico sul-africano Max Theiler, a vacina contra febre amarela14 é aplicada em crianças a partir de 9 meses de idade.15
1950

VOP: desenvolvida nos anos 50 pelo virologista Hilary Koprowski, a primeira vacina contra a paralisia infantil foi baseada em um sorotipo de um vírus vivo. Pouco tempo depois, em 1962, era autorizada a vacina oral de Albert Sabin, versão utilizada até hoje.16 Hoje a vacina é oferecida pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) como dose de reforço aos 15 meses e aos 4 anos de idade, protegendo contra o tipo 1 e o tipo 3 da doença.17
VIP: em 1955, Jonas Salk apresentava ao mundo a segunda vacina que, por sua vez, utilizava o vírus inativado.16 Essa vacina é oferecida pelo PNI em 3 doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade.17
1970

Meningocócica C: produzida pelo Instituto Bio-Manguinhos desde a década de 1970, a vacina meningocócica C é indicada para crianças a partir de 2 anos, prevenindo doenças causadas pelo meningococo C, como meningite e meningococcemia.18
1971

Tríplice viral: na década de 60, o médico Maurice Hilleman iniciava os estudos para a produção de uma vacina contra a caxumba. Posteriormente, a vacina foi combinada com o medicamento usado contra o sarampo e rubéola, criando uma dose única chamada tríplice viral.19
1980

Rotavírus: para a prevenção de gastroenterites graves causadas pelo rotavírus, a vacina oral foi produzida pela primeira vez em 1980, passando por constantes atualizações até ser oferecida nas Unidades de Saúde do Brasil a partir de 2006.20
1982

Hepatite B: indicada para proteger contra infecção por todos os subtipos conhecidos do vírus da hepatite B, as primeiras vacinas foram aprovadas e licenciadas na década de 80,21 passando por diversas atualizações e aperfeiçoamentos de técnicas utilizadas anteriormente.
1991

HPV: o processo para o desenvolvimento da vacina contra HPV (papiloma vírus humano) se iniciou em 1991 pelo imunologista Ian Frazer em parceria com Jian Zhou, entretanto foi fabricada apenas 10 anos depois. A vacina é oferecida pelo SUS desde 2014 para meninas de 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.22
1995


Pneumocócica 10-valente: para a prevenção de doenças graves como pneumonia, meningite e otite, a vacina foi aprovada no Brasil em 2009 e oferecida pelo PNI no ano seguinte para crianças aos 2, 4 e 12 meses de vida.25
Influenza A: utilizada para proteger crianças e adultos, a vacina contra influenza teve o início da sua produção no ano de 2009, e, em março de 2010, o governo já iniciou as campanhas de vacinação em massa. Atualmente, todas as doses são produzidas pelo Instituto Butantan.26
2013

Tetra viral: vacina criada contra o sarampo, caxumba, rubéola e varicela, a tetra viral integra o calendário básico de imunizações do PNI desde 2013.27
2021

Hexavalente acelular: vacina contra tétano, difteria, Haemophilus B, coqueluche, poliomielite e hepatite B, o imunizante é aplicado em de três doses em bebês aos 2, 4 e 6 meses de vida, além da dose de reforço aos 15 meses de idade.28 Anteriormente oferecida apenas na rede privada, em 2021, o SUS passou a adquirir a hexavalente para distribuir em todas os CRIEs do país.29

Qual é a contribuição das vacinas para a redução da mortalidade infantil?
As campanhas do Programa Nacional de Imunizações, juntamente com a produção e disseminação de vacinas em larga escala, fizeram com que o Brasil reduzisse a mortalidade infantil em 40% entre 2002 e 2012.30
Isso porque a vacinação infantil é fundamental para estimular o sistema imune, além de garantir que o organismo se torne mais resistente contra diversas doenças e suas complicações. Sem vacina, o corpo não é capaz de produzir as barreiras necessárias e fica exposto a doenças causadas por diferentes vírus e bactérias.31
As vacinas podem ajudar a diminuir hospitalizações, combater a transmissão de vírus e bactérias e, consequentemente, controlar doenças.32 Com isso, a vacinação se torna uma grande aliada na redução da mortalidade infantil, garantindo segurança para milhares de crianças não apenas no Brasil, mas ao redor do mundo.
Compartilhar
-
COFEN.
Brasil registra alta na mortalidade infantil pela 1ª vez desde 1990.
Disponível em: http://www.cofen.gov.br/brasil-registra-alta-na-mortalidade-infantil-pela-1a-vez-desde-1990_64307.html. Acesso em: agosto de 2021. -
FIOCRUZ.
Como surgiram as vacinas?.
Disponível em: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/perguntas-frequentes/69-perguntas-frequentes/perguntas-frequentes-vacinas/213-como-surgiram-as-vacinas. Acesso em: agosto de 2021. -
UNIMED.
Você conhece a história da vacina?.
Disponível em: https://www.centralnacionalunimed.com.br/documents/2520476/2523433/folder_cobertura_vacinal__alta+sem+marca.pdf/2b317426-db54-4556-8234-a55120c2dec1#:~:text=Voc%C3%AA%20conhece%20a%20hist%C3%B3ria%20da%20Vacina%3F,-Page%202&text=A%20vacina%20surgiu%20em%20um,torno%20de%2010%20a%2040%25. Acesso em: junho de 2021. -
REVISTA MÉDICA DE MINAS GERAIS.
História da Medicina.
Disponível em: http://rmmg.org/artigo/detalhes/1461. Acesso em: agosto de 2021. -
AGÊNCIA BRASIL.
Primeira vacina surgiu há 225 anos e ajudou a erradicar a varíola.
Disponível em: Acesso em: junho de 2021. -
FIOCRUZ.
Conheça a história das vacinas.
Disponível em: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1738-conheca-a-historia-das-vacinas. Acesso em: junho de 2021. -
MINISTÉRIO DA SAÚDE.
SUS disponibiliza 18 vacinas para crianças e adolescentes.
Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/sus-disponibiliza-18-vacinas-para-criancas-e-adolescentes. Acesso em: agosto de 2021. -
FIOCRUZ.
A Revolta da Vacina.
Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/revolta-da-vacina-2. Acesso em: junho de 2021. -
BIBLIOTECA NACIONAL DIGITAL.
A Revolta da Vacina.
Disponível em: https://bndigital.bn.gov.br/dossies/rede-da-memoria-virtual-brasileira/politica/a-revolta-da-vacina/. Acesso em: agosto de 2021. -
REVISTA FAPESP.
Os caminhos abertos pela primeira vacina.
Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/os-caminhos-abertos-pela-primeira-vacina/. Acesso em: julho de 2021. -
CCS SAÚDE.
A história das vacinas: uma técnica milenar.
Disponível em: http://www.ccs.saude.gov.br/revolta/pdf/M7.pdf. Acesso em: julho de 2021. -
HIGASHI, Hisako G., SAW, Isaias.
Autossuficiência e inovação na produção de vacinas e saúde pública.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/cWMtnNfgjLYcRjkbVhcJMxk/?lang=pt. Acesso em: agosto de 2021. -
MOURA FILHO, E.A.
Os imunobiológicos na proteção da saúde: conhecendo sua história.
Disponível em: http://books.scielo.org/id/m4kn3/pdf/silva-9786557080917-10.pdf. Acesso em: agosto de 2021. -
REZENDE, JM.
O desafio da Febre Amarela.
Disponível em: http://books.scielo.org/id/8kf92/pdf/rezende-9788561673635-23.pdf. Acesso em: agosto de 2021. -
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE.
Febre amarela.
Disponível em: https://www.saude.mg.gov.br/febreamarela. Acesso em: agosto de 2021. -
FIOCRUZ.
Salk versus Sabin: dois personagens e suas estratégias contra a pólio.
Disponível em: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1736-salk-versus-sabin-dois-personagen-e-suas-estrategias-contra-a-polio. Acesso em: agosto de 2021. -
SBIM.
Vacinas poliomielite.
Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacinas-poliomielite. Acesso em: setembro de 2021. -
FIOCRUZ.
Meningo C: pesquisadores destacam avanços e desafios na vacina conjugada.
Disponível em: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1166-pesquisadores-destacam-avancos-e-desafios-na-vacina-conjugada-contra-o-meningococo-c?showall=1. Acesso em: agosto de 2021. -
BRUZZI, Carla. Et al.
Compreendendo o retorno do surto de sarampo no Brasil em 2019 e dados epidemiológicos até fevereiro de 2020.
Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR. Belo Horizonte, V. 32, n. 2, p. 111-117, set, 2020. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20201004_093724.pdf. Acesso em: julho de 2021. -
REVISTA UNINGÁ.
Histórico sobre a vacina contra o Rotavírus.
Disponível em: http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/view/477. Acesso em: junho de 2021. -
REVISTA SAÚDE PÚBLICA.
Vacina contra Hepatite B.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/TgR5F8dg5Lqm7mb9rSGJ8jp/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: junho de 2021. -
SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE.
Vacina HPV.
Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cssf/arquivos/ANAGORETTIaudienciapublicaEAPVfinal.pdf. Acesso em: julho de 2021. -
CIVES UFRJ.
Hepatite A.
Disponível em: http://www.cives.ufrj.br/informacao/hepatite/hepA-iv.html. Acesso em: junho de 2021. -
SBIM.
Vacina hepatite A.
Disponível em: https://familia.sbim.org.br/vacinas/vacinas-disponiveis/vacina-hepatite-a. Acesso em: agosto de 2021. -
FIO CRUZ.
Vacina pneumocócica completa 10 anos no Brasil.
Disponível em: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1626-vacina-pneumococica-completa-10-anos-no-brasil. Acesso em: junho de 2021. -
CEE.
Combate à epidemia de H1N1: um histórico de sucesso.
Disponível em: https://cee.fiocruz.br/?q=node/1314. Acesso em: junho de 2021. -
FIO CRUZ.
Tetraviral é incluída no calendário nacional de vacinação.
Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/tetraviral-e-incluida-no-calendario-nacional-de-vacinacao. Acesso em: junho de 2021. -
UNIMED.
Hexavalente acelular: protege o seu bebê de até seis doenças.
Disponível em: https://www.unimed.coop.br/web/catanduva/noticias/hexavalente-acelular-protege-o-seu-bebe-de-ate-seis-doencas. Acesso em: agosto de 2021. -
MINISTÉRIO DA SAÚDE.
Vacina penta acelular e vacina hexa acelular.
Disponível em: http://www.dive.sc.gov.br/notas-tecnicas/docs/Informe%20T%C3%A9cnico%20-%20Vacina%20Penta%20Acelular%20e%20Vacina%20Hexa%20Acelular%20(MS).pdf. Acesso em: agosto de 2021. -
FAPEAM.
Brasil registra maior queda de mortalidade infantil entre os países da América Latina.
Disponível em: Acesso em: Julho de 2021. -
SBIM.
O que são vacinas e como agem no organismo.
Disponível em: Acesso em: Junho de 2021. -
INSTITUTO BUTANTAN.
Imunização, uma descoberta da ciência que vem salvando vidas desde o século XVIII.
Disponível em: https://butantan.gov.br/noticias/imunizacao-uma-descoberta-da-ciencia-que-vem-salvando-vidas-desde-o-seculo-xviii.
Referências