O processo inflamatório ligado a RSCcPN é o que leva ao crescimento anormal do tecido no revestimento do nariz, formando pólipos. Os pólipos nasais são pequenas massas de tecido, em forma de gota ou uva, que podem provocar uma sensação constante de nariz entupido, dor de cabeça e uma perda parcial (hiposmia) ou total (anosmia) do olfato.

    O diagnóstico clínico da RSCcPN é confirmado pela presença de sintomas sinonasais por 12 ou mais semanas e pela visualização de pólipos na cavidade nasal por endoscopia nasal ou tomografia computadorizada.3

    A polipose nasal pode aparecer em qualquer pessoa, contudo é mais comum no sexo masculino e a sua prevalência aumenta com a idade, sendo diagnosticada geralmente a partir dos 40 anos, com uma incidência na ordem dos 12%. Nas crianças esta patologia é mais rara, atingindo cerca de 0,1%. 4-6

    Profissionais da área de otorrinolaringologia; rinologistas; alergista/imunologista 

    Os principais sintomas da doença incluem obstrução e congestão nasal, frequentemente afetando ambas as narinas, juntamente com coriza persistente, dando a sensação de engolir mucosa continuamente18,19. Pacientes com Rinossinusite Crônica com Pólipo Nasal podem experimentar a diminuição ou perda completa do olfato, resultando em alterações no paladar.

    Além disso, podem ocorrer dores no seio da face e tosse, embora esses sintomas sejam mais prevalentes em pacientes com Rinossinusite Crônica sem polipose nasal18,20. A Rinossinusite Crônica com Pólipo Nasal frequentemente coincide com outras condições relacionadas à Inflamação Tipo 2, presente em aproximadamente 87% dos pacientes21-24. A Asma é uma comorbidade comum, afetando cerca de 65% dos pacientes com essa condição.25  

    Pacientes que sofrem de Rinossinusite Crônica com Pólipo Nasal (RSCcPN) podem experimentar uma redução significativa na qualidade de vida devido ao ônus da doença. A obstrução da respiração por si só prejudica consideravelmente o sono, e a diminuição ou perda total do olfato impacta até mesmo a alimentação, resultando na perda associada do paladar26-27. Em casos graves de RSCcPN, a condição está relacionada a um impacto clínico substancial. Sintomas persistentes podem causar distúrbios do sono e fadiga, reduzindo a produtividade no trabalho e deteriorando a qualidade de vida28-29.

    Apesar dessas repercussões, um tratamento adequado pode contribuir para a busca de uma melhor qualidade de vida. Recomenda-se discutir com o médico para compreender a melhor abordagem para o caso específico. Ao seguir as orientações fornecidas nas consultas e contar com o acompanhamento médico ao longo do processo, é possível desenvolver uma jornada de tratamento voltada para as necessidades individuais. 

    A inflamação é uma reação natural do nosso corpo a danos ou estímulos prejudiciais, como invasão por patógenos ou lesões celulares. É uma resposta protetora que envolve células imunes, vasos sanguíneos e mediadores moleculares.33 A inflamação do tipo 2 é uma parte específica dessa resposta voltada para a proteção contra helmintos (parasitas) e venenos.34 
     
    Assim como outras formas de inflamação, a inflamação do tipo 2, por si só, não é considerada uma doença. No entanto, em algumas pessoas, essa resposta do corpo pode ocorrer de forma exagerada, levando ao surgimento de doenças. Essa reação intensificada resulta na liberação das chamadas citocinas tipo 2, como a interleucina-4 (IL-4), IL-5 e IL-13, que provocam alterações nas barreiras mucosas do nariz, pulmão e pele, além de um aumento na produção de anticorpos.8 
     
    A inflamação do tipo 2 é uma característica comum tanto em doenças alérgicas clássicas, como a asma, quanto em uma série de outras doenças inflamatórias. Embora essas doenças possam parecer diferentes com base em suas manifestações em órgãos ou tecidos específicos, a tendência de várias doenças alérgicas se apresentarem juntas ou progressivamente sugere que elas podem compartilhar fatores comuns. 8,35

    Os métodos de tratamento para a Rinossinusite Crônica com Pólipos Nasais (RSCcPN) são diversos e variam conforme a gravidade da condição. Em muitos casos, a abordagem predominante é clínica, envolvendo o uso de medicamentos tópicos ou sistêmicos. Práticas comuns incluem lavagens nasais com solução salina em alto volume, aplicação de corticoides por meio de sprays diretamente na área afetada, administração de corticoides orais e antibióticos para infecções secundárias. As lavagens, em particular, destacam-se pela remoção eficaz de secreções e crostas, aliviando sintomas e aprimorando a qualidade de vida dos pacientes.30
     
    O médico encarregado pode recomendar o uso de corticoides nasais ou orais, embora doses elevadas ou uso prolongado de corticoides orais estejam associados a efeitos colaterais. Como tratamento adicional, a intervenção cirúrgica para a remoção dos pólipos nasais e a abertura dos óstios nasossinusais é uma opção. É crucial seguir as orientações específicas do profissional para assegurar o sucesso do processo30, embora seja relevante mencionar que estudos científicos indicam recorrência de pólipos em cerca de 35% dos pacientes em 6 meses após a cirurgia.31
     
    Existem terapias avançadas, respaldadas por eficácia comprovada em estudos clínicos, que atuam como agentes imunorreguladores, inibindo especificamente componentes inflamatórios associados à imunopatogênese da doença.
     
    O primeiro passo é agendar uma consulta com um otorrinolaringologista para obter um diagnóstico preciso, avaliar a gravidade da condição e determinar o melhor curso de tratamento.

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