ASMD resulta de uma mutação no gene sphingomyelin phosphodiesterase 1 (SMPD1), que codifica a enzima esfingomielinase ácida (ASM), ocasionando um acúmulo de esfingomielina nos lisossomos de células de diversos tecidos e a consequente deterioração das suas funções.1 Em geral, a esfingomielina se acumula progressivamente em tecidos ricos em células do sistema monócito-macrófago, como baço, fígado, pulmão, medula óssea e nódulos linfáticos.1

    É uma patologia herdada da forma conhecida como autossômica recessiva.1 Nessa forma de herança genética, os dois pais precisam carregar uma cópia do mesmo gene com mutação causadora da doença, e cada um transmite este gene para seu filho. Dessa forma, um casal portador heterozigoto tem 25% de chance de ter um filho afetado.

    A ASMD é um distúrbio genético pan-étnico com uma incidência estimada entre 0,4 e 0,6 em cada 100.000 nascimentos vivos.2

    O acúmulo anormal de esfingomielina em alguns tecidos é responsável pelos sinais e sintomas de ASMD, que podem impactar principalmente o baço, fígado e pulmão. Níveis anormais de outros lipídios, como o colesterol, podem ser um sinal secundário dessa patologia, chegando à dislipidemia ou baixo nível do colesterol HDL.3 

    Esse acúmulo pode ocasionar uma perda progressiva e multissistêmica da função dos órgãos e morte prematura.1 

    As principais manifestações são:4

    • Esplenomegalia, visto em 90% dos pacientes;
    • Doença pulmonar intersticial (baseado em achados radiológicos), em mais de 80% dos pacientes;
    • Problemas gastrointestinais, associados a todos os tipos de ASMD e identificado em 75% dos pacientes;
    • Hepatomegalia, em mais de 70% dos pacientes;
    • Trombocitopenia, visto em 50% dos pacientes.

    Outros sintomas frequentes:

    • Infecções respiratórias, como pneumonia;
    • Fibrose hepática e cirrose;
    • Dor abdominal;
    • Anemia;
    • Diarreia;
    • Fadiga crônica;
    • Dificuldade para respirar.

    O diagnóstico permite o início de um tratamento adequado, propiciando o manejo dos principais sintomas, que podem causar graves danos ao longo do tempo, limitando a vida social e o bem-estar emocional.2 Reconhecer sinais e sintomas que podem ter sido atribuídos à outras patologias, pode ser essencial no diagnóstico de pacientes com ASMD.

    Para isso, o teste diagnóstico é simples: um teste enzimático, conhecido como teste em gota de sangue seco, DBS (dried blood spot), pode apresentar a baixa atividade da enzima ASM. A confirmação deverá ser feita com teste molecular.

    É uma patologia rara, herdada de forma conhecida como autossômica recessiva, com uma prevalência de 0,4 a 0,6 a cada 100.000 nascidos vivos.1 Os sintomas podem aparecer tanto em crianças, quanto em adultos.1

    Mito

    A criança com ASMD nunca terá uma qualidade de vida normal?

    A doença pode se apresentar em um espectro de gravidade, ou seja, enquanto algumas pessoas irão apresentar doença grave que pode impactar tanto na sua sobrevida quanto nas suas atividades diárias, outras serão menos impactadas. Entretanto, todas devem fazer acompanhamento médico regular.¹

    Mito

    Todos os filhos do casal portador apresentarão a doença?

    As chances são de 25% por ser uma doença autossômica recessiva.1

    Verdade.

    Algumas populações têm maior prevalência da doença que outras?

    Embora a ASMD afete todas as etnicidades, a ASMD infantil neurovisceral é mais prevalente em pessoas com ancestralidade judia Ashkenazi, com incidência de 1 em 40.000 nascidos vivos. ²

    Confira o video abaixo:

    • Geneticistas;
    • Hematologistas;
    • Hepatologistas;
    • Pneumologistas.

    Em setembro de 2022 foi aprovado pela Anvisa o primeiro e único tratamento para as manifestações não neurológicas da ASMD. A terapia de reposiçao enzimática com alfaolipudase visa repor a enzima deficiente, suplementando assim, a esfingomielinase ácida. É administrado de forma intravenosa, uma vez a cada quinze dias por toda a vida. Tanto crianças quanto adultos podem receber o tratamento.

    Anteriormente, o manejo de pacientes de ASMD consistia no tratamento de sinais e sintomas, à medida em que se manifestavam. Alguns pacientes realizaram transplante de fígado buscando melhor qualidade de vida, mas o maior tempo reportado de acompanhamento pós transplante foi de 14 semanas. O transplante de células hematopoiéticas HSCT pode ser considerado para a forma mais visceral de ASMD, mas pode haver grandes complicações durante a cirurgia, como parada respiratória. Dentre os benefícios, estão a melhora da função pulmonar e estabilidade da função do fígado.6

    1. McGovern MM, Avetisyan R, Sanson BJ, Lidove O. Disease manifestations and burden of illness in patients with acid sphingomyelinase deficiency (ASMD). Orphanet J Rare Dis. 2017;12(1):41.
    2. McGovern M, Lippa N, Bagiella E, et al. Morbidity and mortality in type B Niemann-Pick disease. Genet Med. 2013;15(8):618-623.
    3. Smith EL, Schuchman EH. The Unexpected Role of Acid Sphingomyelinase in Cell Death and The Pathophysiology of Common Diseases. FASEB J. 2008;22(10):3419-3431.
    4. Cox GF, Clarke LA, Giugliani R, McGovern MM. Burden of Illness in Acid Sphingomyelinase Deficiency: A Retrospective Chart Review of 100 Patients. JIMD Rep. 2018;41:119-129.
    5. Mengel E, Wasserstein MP, Dionisi-Vici C, et al. Guidelines for the Management of Patients with Acid Sphingomyelinase Deficiency. Poster presented at: the 13th International Congress of Inborn Errors of Metabolism; September 6, 2017; Rio de Janeiro, Brazil.
    6. Victor S, Coulter JB, Besley GT, et al. Niemann-Pick disease: sixteen-year follow-up of allogeneic bone marrow transplantation in a type B variant. J Inherit Metab Dis. 2003;26(8):775-785.

Compartilhar