ARTIGO

Vacinas combinadas podem melhorar a baixa cobertura vacinal no Brasil

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Publicado

Ago/2021

4 min

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Dra. Márcia Faria Rodrigues

CRM - SP 100979
Médica especialista em Pediatria e Diretora da Regional do Estado de São Paulo da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).

Mesmo com o avanço da ciência e da pesquisa, o Brasil vive um fenômeno interessante e preocupante: enquanto a oferta de vacinas cresce, a cobertura vacinal diminui e está preocupantemente baixa em todo o país. As chamadas ‘vacinas combinadas’ podem ser uma ferramenta essencial para combater esse problema, uma vez que em uma única picada, o paciente recebe proteção contra mais doenças - além de ‘economizar’ o sofrimento dos bebês e dos pais.3

A cobertura vacinal eficiente é muito importante para a saúde pública. Em 1930, por exemplo, doenças infecciosas e parasitárias representavam 45,7% dos óbitos no Brasil, índice que caiu para 4,3% em 2010, com o avanço da vacinação, segundo o Ministério da Saúde¹. Já na década de 1980, doenças como o sarampo, poliomielite, rubéola, meningites, tétano, coqueluche e difteria causaram +5,5 mil óbitos entre crianças de até 5 anos no Brasil. Em 2009, foram 50 casos fatais, afirma o diretor do Bio-Manguinhos, Maurício Zuma.4

A baixa da cobertura vacinal é um sinal de alerta, especialmente para a saúde dos pequenos. O objetivo da vacinação é evitar mortes por doenças preveníveis, que acontecem, na maioria das vezes, no primeiro ano de vida2, o que reforça a importância da vacinação o mais precoce possível. Mas, considerando o tamanho da população brasileira, essa missão não é tão fácil: atualmente, existem mais de 20 vacinas disponíveis no país.5 Várias dessas vacinas exigem 2, 3 ou mais doses para garantir a eficácia e, nesses casos, tudo passa a ser um desafio. Seja o transporte, armazenamento ou aplicação dos imunizantes. 

Com isso, a vacina ideal para facilitar a imunização da população seria uma polivalente contra todas as doenças - o que ainda não existe, mas é um dos grandes objetivos da ciência mundial. A vacina combinada, além de proteger os bebês com menos visitas aos hospitais, também colaboraria para poupar espaço nas câmaras de conservação, no transporte e no tempo de preparo e vacinação das doses. 

Todos esses fatores, juntos, podem melhorar a adesão às vacinas, melhorar a agilidade dos processos e potencialmente contribuir em uma melhora da cobertura vacinal.

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    Referências

    1. Ministério da saúde.
      Tabnet – Datasus.
      Disponível em: https://1-http//tabnet.datasus.gov.br/cgi/webtabx.exe?bd_pni/cpnibr.def. Acessado em 19/08/2021

    2. Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde - Relatório Jornada Nacional de Imunizações.
      Outubro, 2020.

    3. WHO - recommendation for routine immunization, summary table 2.
      Disponível em: http://www.who.int/immunization/policy/immunization_tables/en. Acessado em 19/08/2021

    4. Fio Cruz.
      A queda da Imunização no Brasil.
      Disponível em: https://portal.fiocruz.br/sites/portal.fiocruz.br/files/documentos/revistaconsensus_25_a_queda_da_imunizacao.pdf. Acessado em 19/08/2021

    5. Ministério da Saúde.
      Vacine-se.
      Disponível em: https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/vacinacao/vacine-se. Acessado em 19/08/2023.