Dr. Jesus Villarrubia

Dr. Jesus Villarrubia é o hematologista espanhol presente nos ensaios clínicos pivotais para alfaolipudase. Estuda doenças raras, apresenta as diversas necessidades que esses pacientes lidam em suas rotinas e questiona se as prioridades dos médicos vão de encontro com os desafios apresentados.

Reflexão inicial​

 “Sempre tenho a sensação que o baço é um órgão pouco valorizado. É um órgão que tem muitas funções e muitas pessoas podem pensar que nenhuma dessas funções são exclusivas do baço.  Pensam que se retirar o baço de um paciente, outro órgão irá suprir suas funções e não teremos problemas. Isso pode ser verdade, mas não é completamente correto, o baço é um órgão absolutamente fundamental e não podemos menosprezá-lo”. Dr. Jesus Villarrubia​“

  • O que define um baço grande? O que é a esplenomegalia?

    A definição de esplenomegalia ainda não é um consenso em estudos científicos. Essas são algumas dificuldades na identificação desses pacientes:

     Em adultos, baço apresentando menos de 14 cm no eixo craniocaudal, 14-20 cm moderado e mais de 20 cm, grave1
     Segundo o peso, um baço entre 500-1000 g é esplenomegalia e mais de 1000 g é esplenomegalia massiva2.​
     Em adultos, um baço palpável não é sempre um sinónimo de patologia
    3
      Até 16% dos baços palpáveis apresentam tamanho normal nos exames de imagem3
      Até 28% de exames clínicos normais apresentavam esplenomegalia nos exames de imagem3
     Em crianças, deve ser acompanhado segundo a idade.1

    A esplenomegalia pode ser definida por um quadro de aumento de função, infiltração e congestão esplênicas. 4

    Aproximadamente 2% da população mundial têm esplenomegalia. Em algumas áreas geográficas existe uma maior incidência (etiologia), como na Ásia e na África, o que é conhecido como esplenomegalia tropical. Na maioria dos casos é um aumento do baço que implica em uma doença sistêmica. Em países desenvolvidos a esplenomegalia pode significar: doenças hematológicas, doenças hepáticas, infecções ou doenças metabólicas de depósito.4

  • Aprofundamento – O Baço

    Funções hematológicas5:

    Funções imunológicas5:

    Participada imunidade celular e humoral, através da produção de linfócitos. Produz opsoninas (tuftina e propertina), fundamentais para as bactérias com cápsula.​

    Antes de retirar um baço é fundamental e muito menos agressivo, realizar a biópsia de medula óssea.6

    Sinusoide esplênicos. Esquema (2)

    Macrófagos e plaquetas e cordones

     Imagem microscópica de uma histologia de baço: Sinusoide esplênico

     CD 68 – Macrófagos

    Os capilares do baço são permeáveis e os componentes celulares podem entrar sem problemas. Se não é possível, ficam armazenados nos espaços em branco, que, cheios de macrófagos, devem eliminar essas células. Se essas macrófagos tem algum problema e não conseguem destruir os componentes celulares que precisam ser destruídos, os macrófagos irão aumentar e consequentemente, o baço também. 

  • Pacientes com esplenomegalia na prática clínica7:​

    É importante investigar além da esplenomegalia para se ter um diagnóstico mais preciso. Orientamos a investigação de acordo com o contexto clínico em que a esplenomegalia aparece:

    Tabela com apresentação e estudo dirigido de pacientes com esplenomegalia ou esplenectomizados

    Não é comum que um paciente chegue a consulta apenas com esplenomegalia, a menos que ela seja massiva, não é fácil de ser detectada (nem pelo médico de rotina nem pelo próprio paciente).​

    Tabela com apresentação e estudo dirigido de pacientes com esplenomegalia ou esplenectomizados

    Complicações da esplenomegalia massiva, provavelmente sem diagnóstico4:

     Infartos esplênicos.
     Rotura esplênica.
     Transtornos hemodinâmicos:

        Aumento do volume esplênico,
        Aumento do fluxo cardíaco, 
        Aumento do fluxo sanguíneo esplênico com hipertensão portal, aumento
          da pressão intrabdominal com dificuldade respiratória e hipertensão pulmonar
        Hidronefrose obstrutiva.

    Essas complicações parecem ter maior relação com a causa da esplenomegalia do que com a esplenomegalia em si.
    Os infartos esplênicos não são frequêntes em casos de cirrose, por exemplo
    4

  • Doença de Gaucher ou ASMD?

     Nessas duas doenças raras, esplenomegalia é um sintoma chave para o diagnóstico. Usamos como exemplo a Doença de Gaucher por ser teremos mais referênciais bibliográficas. Esse paciente pode apresentar uma aumento do fígado de 5 vezes o tamanho normal, um baço até 100 vezes aumentado. Entretanto, a quantidade acumulada de lipídios patológico nesses órgãos representa menos de 2% do peso do tecido adicional8; ​

    Medula óssea – Doença de Gaucher

    Imagem microscópica de uma histologia de medula óssea com doença de gaucher

    Medula óssea de ASMD​

    Imagem microscópica de uma histologia de medula óssea de ASMD

    Saiba mais sobre as semelhanças clínicas de ASMD e Doença de Gaucher​

    Conclusões

     A esplenomegalia, na maioria dos casos, implica em uma doença sistêmica..
     A ecografia é a melhor alternativa para sua mensurar a esplenomegalia.​
     Para uma interpretação correta, é importante saber a idade e o peso do paciente. ​
     É fundamento uma boa história clínica, incluindo antecedentes familiares. ​
     Em crianças, infecções são a causa mais frequente de esplenomegalia​
    Febre, perda de peso e sudorese notura podem sugerir uma patología maligna, ainda que esta também possa aparecer sem esses sintomas. 

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      Referências:

      1. Pelizzo G, et al. PLoS One. 2018 Aug 23;13(8):e0202741.​
      2. Shin RD, et al. Surg Endosc. 2019 Apr;33(4):1298-303.​
      3. Arles LB, et al. Med J Aust 1986 Jul 7;145(1):15-7​
      4. Sttuporn & Classen. Front Pediatr. 2021 Jul 9;9:704635.​
      5. Mebius & Kraal. Nat Rev Immunol. 2005 Aug;5(8):606-16.​
      6. Curovic Rotbain E, et al. Plos One.2017 Nov 14;12(11):e0186674​
      7. Chapman J, Azevedo AM. Splemomegaly. [Updated 2019 May 6]. In? StatPearl  [Internet]. Tresure island (FL) StatPearls Publishing; 2019 Jan-, Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK430907/
      8. Cox TM. J.Inherit.Metab.Dis.24(Suppl.2)(2001) 106-121