ARTIGO

Meningite meningocócica pelo sorotipo W

Publicado

Nov/2021

6 min

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Dados mundiais demonstram que a incidência geral de doença meningocócica tem diminuído, porém comprova também aumento na incidência do sorogrupo W.

Dra. Ana Paula Burian
CRM-ES 6247
Pediatra e infectologista, atua como Coordenadora do Centro de Referências para Imunobiológicos Especiais e Membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Cenário mundial

Na Europa, durante décadas, os sorogrupos B e C foram dominantes, mas com o avanço da vacinação houve uma redução significativa nos últimos 20 anos, inclusive com queda no número geral de casos de doença meningocócica invasiva, apesar da taxa de letalidade se manter estável. Isso se deve à introdução da vacinação de rotina contra meningococos, e cada vez mais países europeus recomendam as vacinas ACWY como uma resposta ao aumento do sorogrupo W, que tem sido relacionado à forma septicêmica da doença com maior gravidade e mortalidade quando comparado aos demais sorogrupos, além de acometer pessoas mais velhas.4

O ano de 2020 foi atípico já que, devido ao isolamento social, houve redução de casos de meningite, bem como de demais doenças.5 No entanto, a preocupação em torno do comportamento dos vírus não é exclusividade de um momento pandêmico: estudos mostram um aumento da incidência do sorotipo W nos últimos anos, mesmo quando os números gerais da doença meningocócica estão cada vez menores graças à vacinação.5

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No Brasil, a doença meningocócica é endêmica e tem ocorrência de surtos esporádicos. A letalidade situa-se em torno de 20% nos últimos anos e, na forma mais grave, a meningococcemia, a letalidade chega a quase 50%.2,3

O Programa Nacional de Imunizações introduziu em janeiro de 2020 a vacina meningocócica ACWY para adolescentes entre 11 e 12 anos, objetivando a proteção ampliada e atuando no portador nasofaríngeo, porém necessitando de altas coberturas vacinais para impactar na redução de casos em todo o país.5 Isso reforça a necessidade de garantir a plena imunização desse público-alvo.

Entre as principais características do sorogrupo W está um comportamento que o torna ainda mais motivo de atenção: maior taxa de letalidade quando comparado aos demais sorogrupos. Esse fator pode ser intensificado em casos de idade avançada.

A vacinação de rotina para esse sorogrupo deve ser considerada medida eficiente de proteção e controle de surtos.4

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    Referências

    1. VPD Surveillance Manual 8 Meningococcal Disease: Chapter 8.
      2 https://www.cdc.gov/vaccines/pubs/surv-manual/chpt08-mening.html. Acessado em 26 agosto 2021.

    2. Brasil.
      Ministério da Saúde.Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços.
      Guia de Vigilância em Saúde: volume único [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. – 3ª. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_centros_imunobiologicos_especiais_5ed.pdf. Acesso em: 26 agosto 2021.

    3. Doença Meningocócica Fascículo 1 Epidemiologia da Infecção Meningocócica Prof.
      Dr Eitan Naaman Berezin CRM 28871/SP Professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo São Paulo - SP, Brasil.
      Disponível em https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/publicacoes/Folheto_Meningite_Fasciculo1_111115.pdf.

    4. Recent increased incidence of invasive serogroup W meningococcal disease: A retrospective observational study Hovmand, Nichlas et al.
      International Journal of Infectious Diseases, Volume 108, 582 – 587.
      Disponível em https://www.ijidonline.com/article/S1201-9712(21)00464-1/fulltext#relatedArticles acessado em 26 agosto 2021.

    5. Brasil.
      Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis.
      Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. 5ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_centros_imunobiologicos_especiais_5ed.pdf. Acesso em: 26 agosto 2021.