ARTIGO

Raiva Humana – O que é e principais dúvidas

Publicado

Jun/2023

12 min

Dr. José Geraldo responde às sete principais dúvidas sobre a Raiva Humana, doença que pode ser transmitida através da “penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela mordedura, e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas.1 

Dr. José Geraldo  
CRM 13231 MG 
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (1980), Mestrado em Medicina (Medicina Tropical) pela Universidade Federal de Minas Gerais (2002), especialização em Epidemiologia pela mesma Universidade e Residência Médica em Pediatria reconhecida pelo MEC. Professor Emérito da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. 

 

A raiva humana caracteriza-se como encefalite progressiva e aguda que apresenta letalidade de aproximadamente 100%.1,

A Raiva humana pode ser transmitida através da “penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela mordedura, e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas.” No entanto, existem muitas dúvidas sobre essa doença, formas de transmissão e prevenção.1,

 

Dr. Jose Geraldo responde às sete principais dúvidas sobre Raiva Humana:

1) Nos estados em que não tem casos registrados de Raiva humana, deve-se realizar-se profilaxia contra essa doença?  

“Sim. Nas indicações do ministério da saúde, que consta no último guia de vigilância de saúde é recomendável fazer a pré exposição“1,2

2) O profissional incluído nos grupos de risco iniciou a profilaxia de pré exposição, no entanto, não completou o esquema vacinal. Qual deverá ser a conduta do profissional?

“Deve procurar completar o esquema vacinal. Na vacina antirrábica, como em outras vacinas, não existe intervalo máximo entre as doses, e sim mínimo. Mas se passou dia, a dose não será perdida, ou seja, basta complementar. Isso é válido para a pré exposição e para a pós exposição. As vezes havia indicação de soro e vacina, na pós exposição e foi feito só vacina. No entanto, se já passou sete dias da primeira dose não precisa fazer soro”1,2

3) Em pessoas que realizaram a pós exposição, quais os valores de sorologia considerados como protetores e qual a periodicidade com a qual deve ser feita a sorologia?

“Os níveis são os mesmo seja de pré exposição e pós exposição, isto é, aquele ‘’0’’ ‘’5’’ unidades internacionais por ml é o ponto de corte para se considerar uma pessoa imunizada. No passado era recomendado fazer essa sorologia anualmente (se puder ser feito, ótimo!). Quando faz um ano de quando fez a pré exposição deve fazer a teste sorologico. Caiu de zero a cinco, deve realizar um reforço. Na pós exposição, se tratar de uma pessoa imunodeprimida, é necessário ter certeza que as doses da vacina imunizaram. O ponto de corte é esse do 0-5, que está no nosso guia de vigilância da saúde”.1,2

4) No caso de um contato indireto com morcego ou a presença de um morcego dentro de um ambiente, existe indicação para profilaxia? 

“Existe quando por exemplo você acorda com um morcego no quarto. Isso porque se você está dormindo você não tem certeza se houve uma agressão (a mordida do morcego pode não ser sentida). Se não houve esse tipo de contato não existe indicação para profilaxia”.1,2

5) É recomendado tomar antiestaminico e corticoide antes do soro? 

“No manual antigo, era recomendado essa profilaxia antes de fazer soro, baseado em um estudo que foi feito em ribeirão preto, onde aplicaram soro em pessoas que estavam a realizar pré medicação intravenosa e não houve reações graves. No entanto, foi retirada essa recomendação com a exceção se a pessoa já fez soro heterólogo antes ou já teve acidente ofídico (o ideal é usar imunoglobulina. Se eu não tiver imunoglobulina é necessário realizar a pré-medicação com corticoide e anti-histamínicos uns 30 minutos antes da aplicação). A maioria dos especialistas em alergia não tem certeza de que a pré medicação possa minorar, o importante é fazer soro em um local onde haja pessoas capazes de tratar alguma eventual reação adversa.“1,2

6) Em relação aos 10 dias de observação após mordida, é seguro esperar esse período?

“É suficiente. Essa norma é há muito tempo usada pela OMS exatamente por essa rapidez com que essas vacinas de cultivo celular fazem a nível de anticorpos. Então é considerado seguro sim. Não seria seguro esperar muito mais tempo, mas dentro dos 10 dias de observação pode iniciar caso esse animal desapareça. Por exemplo, se foi um ferimento grave e o cão desapareceu, adoeceu ou morreu, deve ser realizado o soro e a primeira dose de vacina funciona.”1,2

7) Em uma segunda exposição ao morcego, após quatro meses de ter sido administrado o soro e a vacina, o que deve ser feito? Deve repetir apenas o esquema vacinal?

“No caso de agressão por morcego, se já foi realizada previamente a profilaxia de pós exposição com o mínimo duas doses de vacina, não é necessário usar mais o soro. A recomendação é fazer mais duas doses dia zero.”1,2

Saiba tudo sobre a Raiva Humana no vídeo abaixo:

Compartilhar

    Referências

    1. GUIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
      5a edição revisada e atualizada [Internet].
      Available from: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_5ed_rev_atual.pdf 

    2. NOTA TÉCNICA Nº 8/2022-CGZV/DEIDT/SVS/MS
      [Internet]. Avaiable from: https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/cgzv-deidt-svs-ms-protocoloraiva-100322.pdf