Você sabe o que é vacina acelular? Entenda diferenças e benefícios do seu uso na imunização dos prematuros

A pandemia do novo coronavírus talvez tenha sido o evento mundial que mais colocou luz sobre as tecnologias envolvidas na ciência da produção de vacinas. Como já mostramos aqui mesmo, a invenção da vacina é um feito relativamente recente na história da humanidade e, ao longo das décadas, as pesquisas e inovações deram saltos gigantescos, produzindo imunizantes cada vez mais eficientes e seguros.¹

Hoje vamos falar sobre a diferença entre vacina acelular e vacina de células inteiras. A primeira é constituída por subunidades que se caracterizam por estruturas que fazem parte da célula e a segunda é constituída por células inteiras. Entre as principais vacinas infantis, existem várias combinações como DTPa, DTP, vacina pentavalente wcP, pentavalente acP e vacina hexavalente acP. Logo, vamos explicar o significado de cada uma delas.²

Todas as vacinas são eficientes, mas algumas tecnologias podem provocar menos reações adversas a públicos mais sensíveis, como prematuros, por exemplo. “As vacinas dadas em unidades básicas de saúde para bebês de termo são vacinas combinadas de células inteiras. Essas podem, por exemplo, causar reações nos bebês prematuros, especialmente aqueles abaixo das 31 semanas ou menos de 1 kg. Então, especificamente para essas crianças, recomendamos vacinas combinadas acelulares”, foi o que disse Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck, pediatra neonatologista e membro da diretoria executiva da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

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Voltando a falar das vacinas citadas e para saber mais sobre a origem das vacinas acelulares e combinadas, é preciso entender o surgimento de uma das principais vacinas do calendário vacinal infantil. Ainda nos anos 1930, foi criada a vacina tríplice bacteriana (DTP), contra tétano, difteria e coqueluche. Esse foi um grande avanço para a ciência na época.¹

A variação acelular dessa vacina é a DTPa, constituída de partes altamente purificadas da bactéria Bordetella pertussis, combinada aos toxoides tetânico e diftérico. Indicada para crianças menores de 7 anos, que apresentaram eventos adversos que contraindicam outra dose da vacina DTP de células inteira.³

Assim, as vacinas combinadas também ganharam suas versões acelulares. Temos a penta acelular, ou penta acP, que segue os mesmos parâmetros da DPA, com partes purificadas da Bordetella pertussis. Nesse caso, a imunização é contra difteria, tétano, coqueluche (acelular), haemophilus influenzae tipo B (Hib) e poliomielite (inativada).⁴ Já a versão com células inteiras é a penta wcP, composta com a versão clássica DTP.⁵

Também temos a vacina hexavalente acelular, que inclui a tríplice bacteriana acelular (DTPa), a poliomielite inativada (VIP), a hepatite B (HB) e a Haemophilus influenzae tipo b (Hib).⁶

O Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) é constituído de infraestrutura e logística específicas, destinadas ao atendimento de indivíduos portadores de quadros clínicos especiais, ou seja, que possuem contraindicação à utilização dos imunobiológicos disponíveis na rede pública, indivíduos imunocompetentes, imunodeprimidos e aqueles que apresentam outras condições de risco e outros grupos especiais.⁷

Os CRIEs atendem de forma personalizada o público que necessita de produtos especiais de alta tecnologia e alto custo, que são adquiridos pelo PNI. Porém, para fazer uso desses imunobiológicos, é necessário apresentar a prescrição com indicação médica (com CID10) e relatório clínico do seu caso (em receituário ou outro documento, cópia de resultado de exame que comprove o laudo, se necessário).⁸ Nos municípios onde não há CRIE, basta procurar a Secretaria Municipal de Saúde – Programa Municipal.⁸

Até bem pouco tempo, para o bebê completar o esquema básico de vacinação, o esquema de vacina era em 3 doses com imunizantes diferentes. Mas isso mudou com as vacinas combinadas.⁹

É muito comum as crianças terem que tomar muitas vacinas, principalmente nos primeiros anos de vida. O controle vacinal depende da participação dos pais, pois a atualização e manutenção periódica da carteira de vacinação são fundamentais para proteção do organismo e a prevenção de doenças. Apesar de trazerem muitos benefícios, as vacinas são muitas, o que acaba trazendo mais estresse para o bebê e para a família.¹⁰

Com o intuito de diminuir o número de injeções em um mesmo momento, foram desenvolvidas as vacinas combinadas, ou seja, vacinas de dose única contra mais de uma doença. Produtos que, numa única apresentação, contêm um número maior de antígenos capazes de estimular a resposta imunológica contra mais de um agente infeccioso, vírus ou bactéria.¹⁰

Mas é importante lembrar, que mesmo que as picadas sejam reduzidas, algumas vacinas combinadas necessitam, sim, de doses de reforço.¹¹

O uso das vacinas combinadas traz benefícios, como facilidade de administração, diminuição da dor em bebês e do medo das crianças. Diminui ainda o número de idas aos serviços de saúde, contribuindo para o alcance de elevadas coberturas vacinais. Devido a essas vantagens, a maioria dos países prefere utilizar vacinas combinadas e muitos têm aprovado sua introdução.¹⁰